Mensagem
recebida.
Janita
– the naked souls – sleep vejo vezes sem conta que não aguento com tamanha
emoção.
Sorrio.
Lembro.me do vídeo, tranposto.me para aquela altura. Era verão. Acho eu. Ou
serão as minhas memórias que sempre são transpostas
para o verão. Lembro.me do vídeo, lembro.me do final. No final até voas,
lembro.me de lhe mostrar a música sentados no balcão da minha sala grande.
Espera, espera, é agora, e chega o auge. Até voas. Ena Nuno isto é muito forte.
Mensagem
recebida
Janita
A partir dos 4;51 perco-me
Oiço
de novo, 4:51 e perco.me também. Semana de férias. Decido que o Post se chamará
Post. Muito mais que um diário, muito menos que uma rádio. Viagem a Lisboa com percussões
de Indonésia em mente. Há muito que queria experimentar.
Antes
de sair estaria em Itália um jovem de 25 anos a preparar-se para mais um jogo.
Um jogo de futebol. Correr até mesmo quando o coração para. É uma imagem
fortíssima. Não queria ver. Perdoa-me por ter visto. Mais tarde o Pedro
avisa.me. Morreu em campo. Não quero ver as imagens. Não quero. Não quero. Não
queria. Não queria. Não queria nada ver. Perdoa-me por ter visto o teu ultimo
fôlego, a tua ultima luta. Mesmo com o teu coração a morrer aos poucos não desiste
de correr. Será esta a imagem do atleta moderno. A velha imagem grega de
contemplação pelo corpo troca-se hoje em dia pela cada vez mais usual imagem da
luta em campo contra a própria vida. O coração para eu continuo a correr, até
que as pernas não sintam mais o estimulo. Perdoa.me por ter visto o teu último
fôlego. Que agora descanses em paz. Perdoa.me mesmo que nunca te tenha ouvido
falar. Perdoa.me mesmo que nunca tenha ouvido falar de ti. Perdoa-me por ter-te
visto apenas e só na tua ultima grande luta. A ultima grande Victoria frações
de segundo antes da tua ultima e triste derrota.
Perdoa.me
mama por não estar aí. Perdoa-me as lágrimas que choras pela minha ausência.
Perdoa-me não ter ficado um dia mais, umas horas, nem tinham que ser 24 horas.
Perdoa-me estar longe nos dias que mais querias que estivesse perto. Perdoa-me,
não fiz por mal, queríamos todos estar aí. Queríamos mesmo do fundo do coração.
Perdoa-me mama. Parabéns. Que para o ano te façamos uma festa e que as lágrimas
sejam sorrisos, gargalhadas, brindes com champanhe com rótulo francês. Uma sala
espaçosa colorida com flores. E que a tua neta esteja ao teu colo ou a correr
atrás de ti. Perdoa.me. Perdoa-me mama. Não fiz por mal.
Mal
de nós que não sintamos amor. Isso sim é um problema. Mal de nós que não nos
riamos com os nossos nomes. Mal de nós que não choremos os dois quando te conto
as minhas memórias mais pessoais e tristes. Mal de nós que não nos abracemos
quando entra um golo. Mal de nós que não nos abracemos e que não estejamos ao
lado um do outro quando mais necessitamos. Um teatro sobre caracóis. Os três.
Eu Tu e ela. Apenas nós. Um pequeno almoço a correr num sitio que gostava de
visitar mais vezes. Um amigo antigo perdido numa tribo. Um caracol solto num
palco. Ela é linda quando fica séria a olhar as luzes. Eu e Tu a olhar para
ela. Mais que o palco. Quem luz aqui é ela e nós somos ela. E nós somos isso
mesmo. Mal de nos que não haja amor.
A
partir dos 4:51 perco.me
Lembro.me
do calor de Alcobaça nessa altura. Tudo começava, sentia amor pela vida. Queria
dormir menos e viver mais. Jogava basket e ouvia a mesma cassete dos cure vezes
sem conta. Mergulhávamos nas piscinas uns dos outros e falávamos de música. Os
cure sempre lá estavam. Numa dessas tardes morreu alguém. foi em frente com o
seu carro. Mas isso agora não é importante. O importante é que o minuto 4:51
está a chegar. Perco.me. . .