quarta-feira, 22 de setembro de 2010

tenho saudades vossas


tenho sim. porque sempre fui o tipico atipico ligado às séries. aquilo que eles me falavam há uma série de anos atrás. eu não ligava, mas sabia que de alguma forma poderia ligar. e liguei, e liguei-me por completo. não queria piratas porque para piratas já chegavam os da ilha, ou uma espécie disso. queria tudo bonito, oficial, com boa imagem, melhor som. fui-me deixando entrar. na maneira soberba como está pensada e realizada e interpretada. ontem que terminei, tenho saudades. fez parte da minha vida durante muito tempo. horas atrás de horas que no mesmo sofá, sempre no mesmo sofá, sempre contigo ao meu lado, sempre com as horas atrás de horas a passar. passámos muito tempo juntos. a série e nós. hoje oiço os simples acordes do piano e a simples melodia que diz tanto. uma imagem vale mais que mil palavras, um som vale mais que mil imagens, e é isso que significa uma música de um filme. significar mais que o proprio filme, ou poder viver para além dele. a musica que nos transporta para a dor da perda de um cercano. hoje que terminei, que terminámos, tenho saudades, já tinha dito antes, será porque tenho realmente suadades, já o tinha dito antes duas ou três vezes... porque há coisas que fazem parte de nós. eles são nossos amigos, fazem parte de nós. não quero bastidores, não quero saber que existem para além daquela cara, daquela voz, daqueles olhos. tudo genialmente escrito, pensado, actualizado, retratado, pesquisado. um trabalho notável. uma experiência notável. lost é mais que uma série, é algo mais sério, é o vazio de muitas vidas que apesar de estarem cheias de vida, cheias de vidas continuam ocas, vazias, internamente frágeis. lost é mais que uma série, é uma maneira de dizer que nunca se está realmente bem. há sempre algo que não temos, quem sabe que não existe. lost é mais que uma série de tv, é cinema em estado puro. é cinema em 5D, onde todos os sentidos ficam em alerta. lost é mais que uma série, é um puro retrato de quem somos, o que queremos, o que queremos ser e o que podemos ser. lost é uma lição de vida. lost é um sonho. lost é a prova que a realidade está de mão dada com aquilo que nao sabemos ao certo se é ou não real. a música soa ao fundo, as minhas teclas descansam e oiço de novo os acordes mágicos, tão mágicos que quero mesmo deixar de escrever, para que me deixe ser invadido pela música, pela ilha, pelo mar, por tudo o que me deu, nos deu. adeus.

domingo, 19 de setembro de 2010

Mãos ao ar. rendo-me. Foste à guerra? Tiveste medo? rendo-me


a ti e a mim. rendo-me ao que temos. e o que temos é melhor que tudo o que alguma vez quis ter. só pode ser como as belas canções que ouvimos em repeat. aqui dentro de mim não existe vontade de fazer nada, agora nada. depois se vê. aqui não à nada à espera. as letras estão a sair de mim aos poucos, como aquele dia que te dei de beber por um saco de plástico, pequeno, com um ligeiro corte na ponta. assim tal como nos primeiros dias da tua vida, pudeste beber. assim de simples, assim de primitivo, arcaico. aqui estão as minhas forças. a serem aproveitadas para teclar letras um tanto ou quanto com força e sem direção anunciada. as memórias que por aqui andam. as letras saem a conta gotas porque na minha cabeça não há nada nem ninguém que eu queira agradar, apenas descarregar o que sinto. aqui contrario-me. aqui não há musicas de outros nem coisas que queria ter feito. aqui há eu. aqui existo eu. e tu. e ela que chegará pela luz do dia e abraçará em breve os nossos dedos. depois as nossas mãos, braços, costas, corpo. aqui estaremos só os dois, com aquilo que temos, que é melhor do que alguma vez quis ter, sonhei ter. a vida aqui é diferente. não é pior. é diferente. ainda me habituo à lingua, ao que quero fazer. primavera. se algum dia alguem me ler com atenção perceberá que tudo tem data e dia e hora marcada. eu e tu. nós e ela. acredita. agora rendo-me à voz do david sylvian. e quando ouvi isto ao final da tarde a dormir, a deixar que o meu cansaço se apoderasse dos meus olhos. o claro cansaço. o desejo. o corpo a morrer depois de ter explodido. o cheiro da casa pelo verão. aquele verão que não me lembro bem de que ano foi. aí não pensava em nada mais. apenas em mim. hoje penso em tudo, em todos menos em mim. é como se não houvesse eu. o eu somos nós. o eu quer ser mais que um simples corpo, egoista e com fome de vida. vivi. descobri. caí. jºa fui de cool por aí. estou aqui. aqui estás tu. e sempre estarás tu. eu e tu. e ela. e ele que é mais pequeno que ela. e o nosso piano que ainda precisa de ser mais tocado. eu toco-te. hoje é setembro. hoje domingo de setembro, rendo-me a ti. rendo-me a nós.