domingo, 19 de setembro de 2010

Mãos ao ar. rendo-me. Foste à guerra? Tiveste medo? rendo-me


a ti e a mim. rendo-me ao que temos. e o que temos é melhor que tudo o que alguma vez quis ter. só pode ser como as belas canções que ouvimos em repeat. aqui dentro de mim não existe vontade de fazer nada, agora nada. depois se vê. aqui não à nada à espera. as letras estão a sair de mim aos poucos, como aquele dia que te dei de beber por um saco de plástico, pequeno, com um ligeiro corte na ponta. assim tal como nos primeiros dias da tua vida, pudeste beber. assim de simples, assim de primitivo, arcaico. aqui estão as minhas forças. a serem aproveitadas para teclar letras um tanto ou quanto com força e sem direção anunciada. as memórias que por aqui andam. as letras saem a conta gotas porque na minha cabeça não há nada nem ninguém que eu queira agradar, apenas descarregar o que sinto. aqui contrario-me. aqui não há musicas de outros nem coisas que queria ter feito. aqui há eu. aqui existo eu. e tu. e ela que chegará pela luz do dia e abraçará em breve os nossos dedos. depois as nossas mãos, braços, costas, corpo. aqui estaremos só os dois, com aquilo que temos, que é melhor do que alguma vez quis ter, sonhei ter. a vida aqui é diferente. não é pior. é diferente. ainda me habituo à lingua, ao que quero fazer. primavera. se algum dia alguem me ler com atenção perceberá que tudo tem data e dia e hora marcada. eu e tu. nós e ela. acredita. agora rendo-me à voz do david sylvian. e quando ouvi isto ao final da tarde a dormir, a deixar que o meu cansaço se apoderasse dos meus olhos. o claro cansaço. o desejo. o corpo a morrer depois de ter explodido. o cheiro da casa pelo verão. aquele verão que não me lembro bem de que ano foi. aí não pensava em nada mais. apenas em mim. hoje penso em tudo, em todos menos em mim. é como se não houvesse eu. o eu somos nós. o eu quer ser mais que um simples corpo, egoista e com fome de vida. vivi. descobri. caí. jºa fui de cool por aí. estou aqui. aqui estás tu. e sempre estarás tu. eu e tu. e ela. e ele que é mais pequeno que ela. e o nosso piano que ainda precisa de ser mais tocado. eu toco-te. hoje é setembro. hoje domingo de setembro, rendo-me a ti. rendo-me a nós.

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