domingo, 28 de abril de 2013

Domingo. Domingo. Acordar longe daquilo que sou. ontem deixei um palco grande com milhares de pessoas que cantam alto as letras que escrevi numa ilha no meio de um mar azul mediterrâneo. Hoje acordei sózinho sem saber donde vinha ou para onde ia. mas apenas durante uns segundos. dormi não sei quantas horas. não sei quanto tempo. para mim foram 5 minutos. talvez tenham sido menos. tenho sono. tenho sono há 3 dias. porque não durmo quando devo dormir e durmo pouco nas alturas que não tenho de dormir. hoje domigo.

28.
                domingo 28

com 35... queria escrever ma na verdade não tenho nada para dizer. a Marisa Monte é realmente uma grande artista. elegante e incisiva. eu aqui no sofá À espra que seja hora de ir dormir, pouco por sinal pois o avião deverá sair a tempo.

                                                                  be in peace with yourself.


amanha já te vejo. e a ti tambem. as duas. dentro de mim abre-se um espaço, um vazio. be in peace with yourself. desisto de ti
domingo.
vou fechar os olhos e abri-los em 5 horas. acordarei com a sensação que não dormi nem 5 minutos. desito de ti domingo.

be in peace with yourself.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

acordar. domir mal. acordar. tomar o comprimido. acordar. dormir mal. acordar. é de manhã. acordar. comer. ligar a tv. ter sono. comer. sofá. ir para a cama. dormir mal. suar. acordar. sem saber o que fazer. passar o tempo. pensar. passar o tempo, pensar o tempo. na tv só actividade. na internet só actividade. uns viajam, outros trabalham. eu penso. nada faço. pensar o tempo passar. repetem-se as noticias. vou almoçar as 15. vou comer sozinho com uma vista para os outros que comem acompanhados. a minha filha está a 5 horas de carro e a 45 minutos de ar. e eu que faço aqui... porque respeito o espaço.... porque não me vou embora? fechar a porta e passear pela cidade. pensar pela cidade. sair do sofá. o sofá é o melhor do mundo, mas só se estiveres aqui. como estavas antes. há longo tempo. longo tempo. as fotos estão comidas pelo sol. aos poucos, como se colocassemos nelas um filtro desses modernos que uso quando não tenho mais nada para fazer, mais nada para pensar. o Bill Fay é impressionantemente bonito. tenho ouvido musica, os bons e os maus e aqueles que são bons mas que não me aquecem a alma. hoje ser bom é inevitavelmnte ser frio.... penso eu. sei lá se tenho razão. tomar banho. puxar as orelhas à cama, sempre amei esta expressão. . . é descomprometida. não é fazer bem a cama... é só dar um jeito. não é bem almoçar, é comer. não é bem acordar, é deixar de dormir. não é bem passear, é passar o tempo por mim sem que me dê conta que estou triste...

quarta-feira, 10 de abril de 2013

um menino. outro menino. um com 4. outro com 6. dois meninos e um jardim. e umas cem mil formas de imaginar aquele espaço. o espaço que que nos rodeia. o espaço que rodeia as criançs é grande, é sempre grande. a minha sala de aula era gigante, tinha territórios, zonas que nunca ia, zonas que nunca entrava...nos dias de hoje, há uns anos atrás fui votar à minha sala de aula e tudo era incrivelmente pequeno, como se tivesse tudo encolhido. quando somos novos tudo é grande, tudo é possivel, tudo é imaginável. que saudades tenho eu de ser tudo maior que eu.  a Mia ontem disse que era um gatinho. tem dois anos e meio. disse que era um gatinho porque vè todos os dias um gato em casa, trata dele, damos-lhe tambem carinho e é um elemento da familia... um menino, outros menino. um com 4. outro com 6. dois meninos e um jardim. um entra em casa, o maior e nao diz que é um gato, pega numa arma, carregada que o pai deveria esconder numa gaveta, mas os meninos sabem tudo das casas. . . . eu era assim , sabia o que cada gaveta tinha, as coisas mais escondidas e mais secretas. sabia tudo.um com 4. outro com 6. dois meninos e um jardim. um entra em casa e sai com uma arma na mão... dá um tiro na cabeça do menino de 4. o menino de 4 morre com um tiro apenas na caebça. o mundo. este é o nosso mundo. que mundo é este. penso no que faria. mas depois deixo de pensar. penso como se devem sentir os pais e o menino de seis quando tiver 35. as vidas continuam. mas assim? penso de novo nos pais e nos tios e nos irmãos, mas deixo de imediato de pensar. mas penso e repenso e tenho um nó na garganta.que destinos sao estes. só tenho medo de uma coisa, de nao te ter até ao fim dos meus dias.....

quinta-feira, 4 de abril de 2013

o cabelo não está de todo seco. um misto de suor pela febre constante. estou com febre há 5 dias. o corpo a ir abaixo. as sensações de febre quando somos novos é de querer gente ao lado, companhia. hoje não. é como se quisesse um casulo. como se quisesse estar em silêncio comigo e sentir o corpo a ir, aos poucos... a suar como se correses kilómetros sem parar...já não corres ha quanto tempo... o cabelo não está de todo seco. o cheiro é a ti. ao teu champô de caramelo. aquele que dá vontade de comer. aquele que só uso quando sinto que te vejo ir mais ao longe. e o teu champô de caramelo acaba por me dar de novo a ti. ou aquilo que eras para mim. lá ao longe. o passado é fodido. e gostar do passado ainda mais fodido é.... quem me dera detestar aquilo que vivi.  quanto mais ao longe mais gosto. quanto mais ao longe mais fodido de lembrar. nunca escrevi asneiras. acho que é a primeira vez. ainda há raiva... a verdade é que ainda há acentos fora das palavras, tectos fora de casa, rodas foras dos carros... faltam peças. falta-me força. tenho as pernas a começar a suar de repente. hoje a febre é sempre sozinho. antes a febre era sempre com a minha mãe. hoje a febre é tambem com a minha filha. e quando é a minha febre fica só comigo. o cabelo não está de todo seco. aos poucos começo a sentr o meu corpo a deslizar. a deslizar como as gotas de suor que escorrem depois de uma noite que nunca termina. o suor desmedido que o teu corpo fabrica depois de o massacrares com a tua cabeça a mil, sempre a mil, sempre a fundo, sempre em pista, sempre a mil,  sempre a dois mil sempre sem olhar para tras até que cais... como as gotas caem pela tua cara e pelas raizes do teu cabelo longo que cada vez mais tem cores diferentes. o teu cabelo já não é escuro. moreno. já nao sou moreno de todo. vou deixar o meu corpo suar. desde que não me doa a cabeça e os ouvidos pela tv que em Espanha é pior que todas as outras. Espanha já não é o que era, está prestes a perder a piada. a piada de Espanha era a protecção que te dava, como a tua mãe em dias de febre... e o balde azul com uma pega curta que cheirava a detergente e onde as vezes vomitava e a minha mãe sempre dizia, ai meu rico filho o que é que tu tens.... deixem-me ficar a sós com o balde azul que cheira a detergente e deixar as lágrimas cairem no seu fundo e ver os cabelos brancos em cima das minhas pestanas. Espanha é sozinha. Espanha faz-me sozinho. deixem-me a sós com o balde azul e com a escravaninha ao lado e o pijama molhado e o banho quente e o pijama lavado que a minha mae me dava. e o compal de alperce que sempre se comprava em dias de febre. deixem.me a sos no 2.esq da Rua Vasco da Gama para que se me sentir mehor poder ver o Agora Escolha no sofa cor de mostarda e rezar para que ganhe a minha serie preferida. deixem-me a sós com o meu passado mais longinquo. aquele que é mais fodido de recordar. deixem-me a sós com a minha cama e os meus lençois do rato mickey que agora com tanto carinho os lavo para que a minha Mia durma em paz na casa de Lisboa. Deixem-me a sós com o compal de alperce que hoje não bebo porque ninguém mo dá, porque não deixo que ninguem mo dê. deixem.me a sós com os sonhos que tinha quando a febre apertava. e chamava a meio da noite... quando ja não aguentava mais... Mama, traz o balde. . . . - - - -  "ai meu rico filho o que é tu tens........."