quinta-feira, 4 de abril de 2013

o cabelo não está de todo seco. um misto de suor pela febre constante. estou com febre há 5 dias. o corpo a ir abaixo. as sensações de febre quando somos novos é de querer gente ao lado, companhia. hoje não. é como se quisesse um casulo. como se quisesse estar em silêncio comigo e sentir o corpo a ir, aos poucos... a suar como se correses kilómetros sem parar...já não corres ha quanto tempo... o cabelo não está de todo seco. o cheiro é a ti. ao teu champô de caramelo. aquele que dá vontade de comer. aquele que só uso quando sinto que te vejo ir mais ao longe. e o teu champô de caramelo acaba por me dar de novo a ti. ou aquilo que eras para mim. lá ao longe. o passado é fodido. e gostar do passado ainda mais fodido é.... quem me dera detestar aquilo que vivi.  quanto mais ao longe mais gosto. quanto mais ao longe mais fodido de lembrar. nunca escrevi asneiras. acho que é a primeira vez. ainda há raiva... a verdade é que ainda há acentos fora das palavras, tectos fora de casa, rodas foras dos carros... faltam peças. falta-me força. tenho as pernas a começar a suar de repente. hoje a febre é sempre sozinho. antes a febre era sempre com a minha mãe. hoje a febre é tambem com a minha filha. e quando é a minha febre fica só comigo. o cabelo não está de todo seco. aos poucos começo a sentr o meu corpo a deslizar. a deslizar como as gotas de suor que escorrem depois de uma noite que nunca termina. o suor desmedido que o teu corpo fabrica depois de o massacrares com a tua cabeça a mil, sempre a mil, sempre a fundo, sempre em pista, sempre a mil,  sempre a dois mil sempre sem olhar para tras até que cais... como as gotas caem pela tua cara e pelas raizes do teu cabelo longo que cada vez mais tem cores diferentes. o teu cabelo já não é escuro. moreno. já nao sou moreno de todo. vou deixar o meu corpo suar. desde que não me doa a cabeça e os ouvidos pela tv que em Espanha é pior que todas as outras. Espanha já não é o que era, está prestes a perder a piada. a piada de Espanha era a protecção que te dava, como a tua mãe em dias de febre... e o balde azul com uma pega curta que cheirava a detergente e onde as vezes vomitava e a minha mãe sempre dizia, ai meu rico filho o que é que tu tens.... deixem-me ficar a sós com o balde azul que cheira a detergente e deixar as lágrimas cairem no seu fundo e ver os cabelos brancos em cima das minhas pestanas. Espanha é sozinha. Espanha faz-me sozinho. deixem-me a sós com o balde azul e com a escravaninha ao lado e o pijama molhado e o banho quente e o pijama lavado que a minha mae me dava. e o compal de alperce que sempre se comprava em dias de febre. deixem.me a sos no 2.esq da Rua Vasco da Gama para que se me sentir mehor poder ver o Agora Escolha no sofa cor de mostarda e rezar para que ganhe a minha serie preferida. deixem-me a sós com o meu passado mais longinquo. aquele que é mais fodido de recordar. deixem-me a sós com a minha cama e os meus lençois do rato mickey que agora com tanto carinho os lavo para que a minha Mia durma em paz na casa de Lisboa. Deixem-me a sós com o compal de alperce que hoje não bebo porque ninguém mo dá, porque não deixo que ninguem mo dê. deixem.me a sós com os sonhos que tinha quando a febre apertava. e chamava a meio da noite... quando ja não aguentava mais... Mama, traz o balde. . . . - - - -  "ai meu rico filho o que é tu tens........."

2 comentários:

Anónimo disse...

As tuas melhoras. Tens de reagir...

Anónimo disse...

los hombres en cuanto tenéis un poco de fiebre llega el fin del mundo.