segunda-feira, 20 de maio de 2013

onde estará. com quem falará. que pensará. que realmente fará. por que ruas passará. com quem privará. com quem sonhará. quem se ri com ela. por onde andará. porque nunca está? por onde andará. que passeios pisará. que musicas partilhará. que cenas de filme repitirá. o silencio que sigificará.... quem será. o que será. como será. o que lhe fará.....

como se escreve desisto em todas as linguas?

quinta-feira, 9 de maio de 2013




 desculpa se não estou hoje e amanhã. desculpa se hoje pensaste em mim em vão. desculpa se hoje adormeceste com a amarga sensação de já não estar aí ao teu lado. desculpa se não sou aquilo que querias que fosse ainda que acredite que sou tudo para ti. desculpa-me por não poder trazer-te comigo. não tenho duvidas que irias desfrutar muito e sem duvida que mais tarde ou mais cedo acabarias por valorizar esta vida que levo. desculpa chorar quando vejo os teus videos. como te disse na semana passada o papá não é autoridade. o papá é a a fragilidade. desculpa ser assim. frágil como não quero ser e duro como nunca fui. desculpa olhar sem parar para a tua cara quando me pediste para fazer uma casa no escritorio da mama e eu nao liguei nenhuma porque a minha cabeça estava quente de pensar coisas más. e a tua casa que não se construiu. e tu a olhares para mim. só os teus olhos acima do vidro da porta. desculpa não ter brincado contigo e de ter ralhado por não quereres comer. desculpa não ter ficado mais tempo. desculpa não ter dado tudo o que podia ter dado. desculpa não estar hoje, mas sei que amanhã vais orgulhar-te mais ainda do que não fiz. sabes que o que não faço aí agora é tambem por ti. porque acreditarei que não me perdoarás se um dia te disser que deixei de fazer por tua culpa. já deixei de fazer muitas coisas por culpa de outros e hoje sinto que foi o pior que fiz na minha vida. o amor incondicional é feio quando chega ao fim pois sentimo-nos vazios. desculpa ampliar a tua foto. desculpa ser quem sou mas o que de melhor tenho é precisamente ser quem sou. 
sou especial. porque te tenho a ti, porque sempre te quis ter pois sabia que tu jamais me cobrarias o meu silêncio, a minha ausência e sabia que te ías orgulhar das letras que te escrevo e não as irás por em causa pois sabes que são pra ti, porque sabes que eu nao minto naquilo que escrevo. minto-me todos os dias porque acredito... mas a escrever não.... desculpa ser quem sou. mas sei que me amas tanto por eu ser quem sou. sabes o que é ser bom? é não ter duvidas de ajudar. é nao suportar ferir. é não suportar a igualdade só porque sim. é não ser mais do que quero ser. é ser aquilo que sou. humano. pele. osso. raiva. amor. beijos. olhos. toque. cheiro. pele. a minha e a tua são a unica coisa que me reveste. amo.te e isso é a unica certeza que a vida me deu. por ti nunca desistirei de mim e isso é a melhor declaração de amor que te posso oferecer. de mim para ti, nunca deixarei de ser eu....



O Brasil interior é diferente do Brasil exterior. e fico-me por aqui sobre o País por onde ando. os concertos cada vez melhores. a minha familia é esta. ligo para casa. o telefone desligado. desligo-me do oceano que nos separa. está calor e as viagens são longas. a meio caminho tiro fotos e venço o tédio e limpo a alma com frames de segundo captados por um telefone. depois invento estéticas. 

estética = sentimento ( onde é que eu já li isto?)


o telefone desligado. almoçamos sempre tarde pelas viagens. hoje vi uma menina numa mesa com a mãe que era bonita e com duas senhoras mais velhas. a menina era o centro. por momentos era a minha Mia que lá estava. a mãe era bonita. a menina mais porque sem querer ter, parece que havia proximidade. o telefone estava desligado e isso dói mais que tudo. mais um dia e menos um dia para o regresso. não quero o regresso. não quero passado. quero futuro. quero telefone ligado só pra dizer que amo. só pra ouvir um sussurro ou um sorriso. detesto escrever mensagens. se pudesse destruia todo esse tipo de comunicação. 
comum
comun
comunicação.

o telefone estava desligado não sei bem porquê. fora do lugar. ou a ausência de preocupação em colocar tudo no sitio. . . nem quero saber. sei que a minha familia toca de sorriso rasgado e ouve sempre o que tenho para dizer. abraça-me com gosto e tem orgulho no mau Nuno da mesma forma que conforta o bom Nuno. o telefone estava desligado porque não importa mais estar ligado. se pudesse matava e destruia até ao ultimo chip as mensagens e os whats up. a minha familia toca comigo as minhas musicas e acredita nas minhas letras. sente-se identificado e tem orgulho nelas . a minha familia nunca me nega nada. vive pra mim e para comigo. a minha familia toca as minhas notas e sorri com elas. a minha familia sabe o que eu valho e isso é o melhor que tenho, valer muito. valer muito é ter muitos valores. valores. é isso. 
o telefone está desigado. valores ou a falta deles. é isso.


craig armstrong (balcony scene )

segunda-feira, 6 de maio de 2013

O que fazer quando tudo corre mal. o que fazer quando passas um dia deitado numa cama longe de tudo aquilo que gostas. o que fazer quando a cabeça apenas se ocupa de afundar ainda mais a condição peculiar de passar um dia inteiro numa cama. 
afundo-me
a
fundo....

não mereço desprezo.
ninguem me despreza.
não mereço desprezo.

o que fazer quando tudo corre mal.  e a solução é afundar ainda mais a péssima condição de não fazer nada durante algumas horas seguidas. 

des

cul
pa
me

culpa-me.

mandar tudo à merda. ir para uma ilha e deixar que a vida passe por mim. hoje aqui ao longe vejo o fim do filme. com as cenas, os bloopers, as cenas repetidas, os momentos de humor e os de choro. drama
drama
drama queen.
que se foda o drama e o teatro e as merdas de amigos que tens e as merdas de textos e as merdas adolescentes. manda tudo à merda. 
dizer asneiras é uma forma tão poética de ser violentamente cruel.  culpa.me.
te dejo.
des
culpa-me

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora. corre meia hora e faz alguma coisa por ti. 
há uns anos atrás, no inicio do filme, momentos antes de começar a verdadeira história começava o romance... fui correr 10 km com a motivação e a falta de sono de uma noite tão bem passada por terras de Madrid. as imagens, o cheiro que ainda tinha no meu corpo motivavam-me a não parar. a chegar ao fim, quanto mais não fosse para no final dizer-te que consegui chegar ao fim. e deixar que o suor saísse pelos meus poros alimentados pelo teu cheiro que felizmente ainda estava em mim. 
corri e nas alturas que não aguentava mais, lembrava-me do vestido vermelho e do sorriso. e do lábio molhado pelo calor de nós os dois. eu e tu juntos não eramos dois. eramos todos aqueles que nunca tinhamos tinho. eu e tu não eramos um e o outro. era o mundo inteiro a rir. 
cheguei ao fim . porque me motivavas. porque me lembrava da flor que colocavas no cabelo. sempre. sempre. tu e a flor eram um só. o teu cheiro. o vestido. a flor. . . . e o sorriso e os olhos de bondade e confiança. os olhos. onde andarão....

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora e tudo esquecerás. 
hoje decidi alimentar-me de ti. de novo. a raiva de não consegir fazer nada. a raiva de chegar ao fim do filme sem ter conseguido perceber ao certo porque terminou. 
faz alguma coisa. faz.
desiste de tudo menos de ti. quanto mais não seja pela felicidade de te diexares alimentar pela raiva que sentes, das horas sem dormir, da ansiedade que faz bater o coração mais forte do que qualquer droga. 
viciado em dormir pouco. 

culpa-me.
culpo.te
des
cul
po
te
começo a gritar e a passadeira que nao pára e o espelho que vejo com um corpo vivo. a unica coisa que tenho viva em mim é o meu corpo. sua, sem cheiro vindo de ti. sem imagem dos lábios molhados. sem a flor no cabelo lindo. sem o vestido vermelho. grito mais... cada grito que dou garante-me pelo menos um ou dois km a mais. chegarei aos 10. para que este dia não seja dos piores da tua vida. para que te sintas vivo, um pouco mais vivo que o teu corpo. 
culpo-te, por isso, corro mais. 
run run run away.
fugia. fugir daquilo que me faz deixar aterrado numa cama de molas e com pequena dimensão...cama pequena com vista para uma parede de cimento, cor de cimento. o cimento cor de cimento é o fim da escala do tédio. 
tenho raiva logo corro mais. 

don´t go away. don´t go away.

te dejo - desculpa-me
te dejo - desculpa-me
te amo. culpa-me.

e as ilhas e as noites e os sorrisos e o nosso amigo de ibiza que nao sabemos como se chama e o carro verde pistacho e a certeza nos olhos que somos um do outro e madrid e a mudança de casa e montecarmelo e a opera e a musica e o piano e as lágrimas pelo piano e as letras e os discos e os filmes e o lost e a mia e alcobaça e a casa azul e a cozinha e a cozinha da mia e a flor vermelha que deve ainda estar em algum lado e as viagens de carro e o disco que te prometi e dizer-te que não te faço uma musica apenas por ti faço um disco inteiro e as lagrimas e tu morta no chão e tu morta na cama e eu morto de medo e o sofá vermelho e a parede de lisboa em espelho que nunca ficou bonita e a tv de lisboa e os filmes e as noites e o salmão e o melhor bocadillo do mundo que comia com amor e não querer sair de casa e os sacrificios e mudar de cidade e deixar de fazer o que gostava de fazer pois gostava mais de fazer coisas contigo e comer no chão e rir sobre as pessoas da tv e os senhores do canal de economia que pareciam bonecos e as tuas fotos e a tua escola de fotos que começava de manha e que depois te buscava pela tarde e no meio dormia no carro e o romeu e a carpete que tentei limpar e que estraguei e a comida do restaurante chines e os donnuts de chocolate e vigo e meder e eu e tu de joelhos no chao da casa de madrid a chorar porque sabiamos que nao estavamos a conseguir e a mia a dançar e tu a filmar e a mia a dizer ham ham a um indio da amazonia e tu a dares-me força e eu a perde-la e eu a ganhar e depois a perder e a não dar-te o que merecias e eu a querer dar mais mas a não coneguir e eu a não ouvir o que queria ouvir e dizer-te ao ouvido uma melodia que te enervava de amor e eu que estou longe e não sinto mais nada e os sete palmos de terra e nos a chorarmos com o filmes que viamos e o Risto e o menino deficiente que dançava e eu chorava e o tu si que vales e a sensibilidade e as maos no fogo por nos e eu saber que me amavas e tu saberes que me amavas e as discussões que odeio e as discussões que tu odeias e a minha avó que te viu uns meses antes de morrer e eu feliz porque a conheceste e eu triste porque nao te viu mais vezes e as letras que te fiz e que tu não acreditas que te fiz e tu que não acreditas e eu que acredito que um dia vais acreditar e nunca mais chega o dia e eu batalhar com o chinês para te trazer o boneco do restaurante  e um dia consegui finalmente trazê-lo e eu e tu que éramos mais que tudo e eu e tu e eu e tu e os blur e o rufus e os coldplay e londres e as incertezas e os focos de luz para a tua foto que nunca usaste e as fotos que eram tão boas mas que nunca acreditaste que fossem e a polaroid e todas as coisas que te dei e não usaste mas que mesmo assim sabia que gostavas de as ter e enviar-te as musicas novas e beber champanhe no final dos discos e imaginar que um dia podia beber champanhe no final das tuas coisas e quarta-feira que não estou e que tenho raiva de não estar e as bicicletas que compramos e as motivações de acordar cedo e dar-te abraços e abanar-te para dormires mesmo ficando dormente do braço e das pernas e o cabelo e lavar-te os pés como tempo e tratar de ti e tratares de mim e dar-me a ti e dares tudo o que tinhas a mim e as vezes que disse sim sem querer e as vezes que disse não sem querer e o frango e lisboa e belem e marrocos e o amor e o amor e o amor.
chego ao fim 
corri 10km porque tenho raiva de não poder resolver.
10km e a raiva de nao conseguir saber onde está o sorriso, onde anda o vestido vermelho e a flor que era parte de ti. 
10km e a raiva de não conseguir sair do fim do filme. 
10km e as lágrimas que me caem pela cara quando oiço o final do homem elefante
10km e as lágrimas. e o lost. e o fim do lost e o inicio da mia.
eu e tu. somos mais do que imaginamos ser.
desculpa-me - não te culpo
desculpo-te - não me culpes

(samuel barber- adagio for strings)

domingo, 5 de maio de 2013

A mãe que és. A mãe que vais sempre ser. A mãe que és. A melhor mãe que és. Acordas cedo. uma hora mais cedo que em Portugal mas talvez acordes ao mesmo tempo. a minha mãe nunca se deixa dormir até tarde. Tu também não pois ao fundo, mesmo a dormir profundamente ouves os lençois pequenos e a cama com grades brancas preenchidas com autocolantes inadvertidamente colocados e sem ordem especifica a mexer-se aos poucos... minutos depois ouve~se a voz, fina, sentida, pequenina. mãmã. mãmã. mãmã. mãmã

mãmã...

acorda sempre cedo. no inicio com um robe azul bébé, grande, não sei precisar o tecido. quase sempre arruma a cozinha. há sempre coisas para fazer. varrer o chão.  pensar em nós. pensas sempre em nós, tenho a certeza. em solidão com os seus filhos. minha querida mãmã....

acorda sempre cedo. no inicio tentas sempre que consiga dormir um pouco mais. na cama que é mais que tua. apenas e só tua. no quarto que é cada vez mais teu e só teu. 

A mãe que és. num dia pela noite. o meu egoismo talvez tenha sido demasiado quando ao fundo te ouvia com dores, e tu, que nunca querias interromper pois sabias que aquilo era sempre mais importante que tudo. é hoje. talvez seja hoje. sair de casa com tempo. chamar o elevador... 

O que fizémos quando esperavamos pelo elevador? demos um beijo, olhámos os olhos um do outro? O que fizémos quando fechámos a porta... a ultima vez que fechamos a porta da casa sem termos deixado ninguem para trás. a ultima vez que saímos da casa só os dois. 
...o que dissémos um ao outro enquanto o elevador chegava?
Entramos no carro. talvez seja hoje. entrar num quarto com paredes de tom quente, há um sofá castanho de pele onde me sento mas que não me deixo acomodar. tenho sono mas não tenho sono. talvez seja hoje. o médico chega. é hoje mesmo. olhamos um para o outro. o que dissémos mesmo sem dizer nada? é hoje. é hoje. regresso a casa. faço tudo a correr. tu deitada a olhar em frente. o que pensavas quando não estava. eu em casa a trazer tudo o que achava fazer falta... apago pela ultima vez a luz do quarto que era mais do que nunca o nosso quarto. a cama que era mais que nunca a nossa cama ficou vazia. intocável. fecho a luz do quarto que nunca pensei deixar de ser meu... 

saio de casa a correr. entro no quarto com calma. 

vejo as tuas costas. as mais bonitas do mundo. brancas. suaves, as mais suaves do mundo. as tuas costas cheiram tanto a ti. as tuas costas invadidas por uma linha milimetricamente desenhada. vermelha. uma linha de sangue cai, escorre pelo branco puro das tuas costas. brancas, as mais bonitas do mundo. uma linha de sangue... milimetricamente medida. uma linha de sangue. como se se tratasse de uma fronteira.... o principio e o fim de uma etapa. de uma era. de um amor a dois. 
o que dissémos um ao outro quando te viraste  e me viste. 

o que dissémos uma ao outro quando entrámos no elevador? os nossos olhos amavam~se tanto. mas tanto. mas tanto.
tanto
tão 
pouco a pouco deixo que uma lágrima escorra por dentro de mim. 

a linha de sangue. . .
passamos à frente. lua cheia. eu e tu. eu de verde tu não sei. luz fria. entramos sem nos daros conta do que tinhamos feito. o que dissemos um ao outro quando não havia volta atras? 

entramos e depois? depois fui eu e tu. e tu e eu. e eu e tu nos ultimos segundos antes de sermos eu, tu e ela. tu, ela e eu a chorar por saber que eras a melhor mãe que podia existir no mundo. eu a ver~vos. nao quis deixar que o momento fosse mais do que só teu. querida mãe. amo-te. eu, tu e ela. e depois? o que vem depois?

                                                                            eu a ver~vos...


chegar a casa. a nossa casa que abandonámos sendo apenas e só nossa... ao regresso perdemos um pouco a posse da propria casa. hoje a casa é dela, tua e minha de vez em quando. cada vez menos. aos poucos. eu... tu e só ela.

tu

ela

acorda à mesma hora que tu. em casa sozinha. pensa em nós. em mim e no meu irmão. tenho a certeza que pensa maioritariamente nisso. nas preocupações. deve pensar em que cidade andamos. porque não ligamos. preocupa-se por não estarmos ao lado. um dia vou ser como tu. mãe. mãe, não.
mãmã
mãmã
mãmã

minha mãmã. amo-te

o que dissémos um ao outro quando apanhamos o elevador na ultima semana?

dormi ou deixei~me dormir no sofá vermelho. aquele que carregámos os dois depois de uma viagem sem dormir desde Portugal. 
a nossa casa. a tua casa e a casa dela. 
saio ainda de noite. na cama que é só tua estava ela. do meu lado, virada ao contrario. com a cabeça um pouco suada. um beijo minha querida filha. 
no final digo~te uma frase que nao te lembras mas que foi das frases mais sentidas que alguma vez disse. a despedida do nosso mundo...

a distancia só nos vai matar mais.....

A mãe que és. A mãe que vais sempre ser. A mãe que és. A melhor mãe que és. Acordas cedo...
a melhor mãe do mundo és tu. lê bem e nunca te esqueças. 
a melhor mãe do mundo és tu. 
Afortunado eu que vivi um momento unico. tu e ela e o corpo cheio de sangue. meu e teu. 
Afortunado eu que assisti ao maior compromisso de amor da vida. tu e ela. e a minha vida mudou. 
A mãe que és. 
A mãe que vais sempre ser. 
A mãe que és...

Afortunado eu que sou pai de uma filha que tem a melhor mãe do mundo...


(recapitulation - john morris)