segunda-feira, 6 de maio de 2013

O que fazer quando tudo corre mal. o que fazer quando passas um dia deitado numa cama longe de tudo aquilo que gostas. o que fazer quando a cabeça apenas se ocupa de afundar ainda mais a condição peculiar de passar um dia inteiro numa cama. 
afundo-me
a
fundo....

não mereço desprezo.
ninguem me despreza.
não mereço desprezo.

o que fazer quando tudo corre mal.  e a solução é afundar ainda mais a péssima condição de não fazer nada durante algumas horas seguidas. 

des

cul
pa
me

culpa-me.

mandar tudo à merda. ir para uma ilha e deixar que a vida passe por mim. hoje aqui ao longe vejo o fim do filme. com as cenas, os bloopers, as cenas repetidas, os momentos de humor e os de choro. drama
drama
drama queen.
que se foda o drama e o teatro e as merdas de amigos que tens e as merdas de textos e as merdas adolescentes. manda tudo à merda. 
dizer asneiras é uma forma tão poética de ser violentamente cruel.  culpa.me.
te dejo.
des
culpa-me

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora. corre meia hora e faz alguma coisa por ti. 
há uns anos atrás, no inicio do filme, momentos antes de começar a verdadeira história começava o romance... fui correr 10 km com a motivação e a falta de sono de uma noite tão bem passada por terras de Madrid. as imagens, o cheiro que ainda tinha no meu corpo motivavam-me a não parar. a chegar ao fim, quanto mais não fosse para no final dizer-te que consegui chegar ao fim. e deixar que o suor saísse pelos meus poros alimentados pelo teu cheiro que felizmente ainda estava em mim. 
corri e nas alturas que não aguentava mais, lembrava-me do vestido vermelho e do sorriso. e do lábio molhado pelo calor de nós os dois. eu e tu juntos não eramos dois. eramos todos aqueles que nunca tinhamos tinho. eu e tu não eramos um e o outro. era o mundo inteiro a rir. 
cheguei ao fim . porque me motivavas. porque me lembrava da flor que colocavas no cabelo. sempre. sempre. tu e a flor eram um só. o teu cheiro. o vestido. a flor. . . . e o sorriso e os olhos de bondade e confiança. os olhos. onde andarão....

saí do quarto. esperei pela minha vez. corre meia hora e tudo esquecerás. 
hoje decidi alimentar-me de ti. de novo. a raiva de não consegir fazer nada. a raiva de chegar ao fim do filme sem ter conseguido perceber ao certo porque terminou. 
faz alguma coisa. faz.
desiste de tudo menos de ti. quanto mais não seja pela felicidade de te diexares alimentar pela raiva que sentes, das horas sem dormir, da ansiedade que faz bater o coração mais forte do que qualquer droga. 
viciado em dormir pouco. 

culpa-me.
culpo.te
des
cul
po
te
começo a gritar e a passadeira que nao pára e o espelho que vejo com um corpo vivo. a unica coisa que tenho viva em mim é o meu corpo. sua, sem cheiro vindo de ti. sem imagem dos lábios molhados. sem a flor no cabelo lindo. sem o vestido vermelho. grito mais... cada grito que dou garante-me pelo menos um ou dois km a mais. chegarei aos 10. para que este dia não seja dos piores da tua vida. para que te sintas vivo, um pouco mais vivo que o teu corpo. 
culpo-te, por isso, corro mais. 
run run run away.
fugia. fugir daquilo que me faz deixar aterrado numa cama de molas e com pequena dimensão...cama pequena com vista para uma parede de cimento, cor de cimento. o cimento cor de cimento é o fim da escala do tédio. 
tenho raiva logo corro mais. 

don´t go away. don´t go away.

te dejo - desculpa-me
te dejo - desculpa-me
te amo. culpa-me.

e as ilhas e as noites e os sorrisos e o nosso amigo de ibiza que nao sabemos como se chama e o carro verde pistacho e a certeza nos olhos que somos um do outro e madrid e a mudança de casa e montecarmelo e a opera e a musica e o piano e as lágrimas pelo piano e as letras e os discos e os filmes e o lost e a mia e alcobaça e a casa azul e a cozinha e a cozinha da mia e a flor vermelha que deve ainda estar em algum lado e as viagens de carro e o disco que te prometi e dizer-te que não te faço uma musica apenas por ti faço um disco inteiro e as lagrimas e tu morta no chão e tu morta na cama e eu morto de medo e o sofá vermelho e a parede de lisboa em espelho que nunca ficou bonita e a tv de lisboa e os filmes e as noites e o salmão e o melhor bocadillo do mundo que comia com amor e não querer sair de casa e os sacrificios e mudar de cidade e deixar de fazer o que gostava de fazer pois gostava mais de fazer coisas contigo e comer no chão e rir sobre as pessoas da tv e os senhores do canal de economia que pareciam bonecos e as tuas fotos e a tua escola de fotos que começava de manha e que depois te buscava pela tarde e no meio dormia no carro e o romeu e a carpete que tentei limpar e que estraguei e a comida do restaurante chines e os donnuts de chocolate e vigo e meder e eu e tu de joelhos no chao da casa de madrid a chorar porque sabiamos que nao estavamos a conseguir e a mia a dançar e tu a filmar e a mia a dizer ham ham a um indio da amazonia e tu a dares-me força e eu a perde-la e eu a ganhar e depois a perder e a não dar-te o que merecias e eu a querer dar mais mas a não coneguir e eu a não ouvir o que queria ouvir e dizer-te ao ouvido uma melodia que te enervava de amor e eu que estou longe e não sinto mais nada e os sete palmos de terra e nos a chorarmos com o filmes que viamos e o Risto e o menino deficiente que dançava e eu chorava e o tu si que vales e a sensibilidade e as maos no fogo por nos e eu saber que me amavas e tu saberes que me amavas e as discussões que odeio e as discussões que tu odeias e a minha avó que te viu uns meses antes de morrer e eu feliz porque a conheceste e eu triste porque nao te viu mais vezes e as letras que te fiz e que tu não acreditas que te fiz e tu que não acreditas e eu que acredito que um dia vais acreditar e nunca mais chega o dia e eu batalhar com o chinês para te trazer o boneco do restaurante  e um dia consegui finalmente trazê-lo e eu e tu que éramos mais que tudo e eu e tu e eu e tu e os blur e o rufus e os coldplay e londres e as incertezas e os focos de luz para a tua foto que nunca usaste e as fotos que eram tão boas mas que nunca acreditaste que fossem e a polaroid e todas as coisas que te dei e não usaste mas que mesmo assim sabia que gostavas de as ter e enviar-te as musicas novas e beber champanhe no final dos discos e imaginar que um dia podia beber champanhe no final das tuas coisas e quarta-feira que não estou e que tenho raiva de não estar e as bicicletas que compramos e as motivações de acordar cedo e dar-te abraços e abanar-te para dormires mesmo ficando dormente do braço e das pernas e o cabelo e lavar-te os pés como tempo e tratar de ti e tratares de mim e dar-me a ti e dares tudo o que tinhas a mim e as vezes que disse sim sem querer e as vezes que disse não sem querer e o frango e lisboa e belem e marrocos e o amor e o amor e o amor.
chego ao fim 
corri 10km porque tenho raiva de não poder resolver.
10km e a raiva de nao conseguir saber onde está o sorriso, onde anda o vestido vermelho e a flor que era parte de ti. 
10km e a raiva de não conseguir sair do fim do filme. 
10km e as lágrimas que me caem pela cara quando oiço o final do homem elefante
10km e as lágrimas. e o lost. e o fim do lost e o inicio da mia.
eu e tu. somos mais do que imaginamos ser.
desculpa-me - não te culpo
desculpo-te - não me culpes

(samuel barber- adagio for strings)

2 comentários:

Anónimo disse...

One day you'll meet a guy. And ultimately, he's going to find out. How you chew, how you sip, how you dance, how you smell at every point in the day. How your face looks underneath all your makeup. How you love chocolate, how you can be hyper at times, how certain games and shows make you really happy. How cranky you can get when you're tired, how you think you look bad in all your photos. He's going to know everything about you. And you know what? He's still going to love you...

Anónimo disse...

Nunca consegui chegar aos 10km. Ainda só corro 6km. Quanto menos dormir melhor. O sol muitas vezes ainda não nasceu e vivo na Covilhã pelo que frio é indiscritível a esta hora da madrugada. Sou do sul. Como é que voltaste a ter vida no corpo?