quinta-feira, 18 de junho de 2009

sou tão pequeno por aqui só

sou tão pequeno que não me sirvo para nada. Sou tão pequeno que tenho vergonha de mim mesmo. Pelo tamanho pequeno da minha mente. Sou tão pequeno que nem mereço o chão que piso. Sou tão mínimo que nem me olho por fora nem por dentro. Não existo. Não penso. Penso sim naquilo que fazia de mim um homem sem ser tão pequeno. Sou tão pequeno que não sirvo para nada. Sou uma unha. Sou um grão. Sou um às dos piores dos piores. Sou tão pequeno que não sirvo para mim. Sou o que mereço. Nada.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Casa Nova

uma casa nova. novinha. com quartos de banho separados. eu e as minhas coisas. tu e as tuas. nós e as nossas. as nossas coisas. a nossa casa nova. nossa casa nova. nova casa com paredes suaves e cores lisas. sabes que gosto de me deitar no quarto ou na sala e ouvir a música ao fundo e em frente a todos os sons, quase em frente ao meu respirar, as crianças lá em baixo que brincam. estão numa piscina não muito grande. ouvir as suas vozes pequenas em tão alto som faz-me acalmar. lembro-me do convento de freiras onde a minha mãe me deixava. tínhamos bibes de várias cores. nunca percebi a hierarquia bibe, mas o que me interessava não eram os mais velhos ou os mais novos. o que eu gostava era da sesta pela tarde. mesmo sem sono dormia a ouvir os outros meninos a brincar na rua. acalmava-me o som das suas alegrias. quando somos novos tudo é tão mais simples. guardamos comida nos bolsos sem pensarmos em mais nada. gritamos e corremos e saltamos no ar sem objectivo algum. ser menino. ter à frente o mundo e deixar de pensar nisso. ter à frente uns olhos lindos e não querer saber se existem mais olhos no mundo. ser criança deve ser a única experiência  impossível que gostava de repetir. aqui na casa nova oiço os meninos lá em baixo e não penso em mais nada, nem em mais olhos, nem em mais musicas que não me saem, nem nos acordes de piano que me imagino tocar, nem na estética de discos, nem em sons novos, aqui deitado sou eu apenas eu quando era mais novo.  nunca entendi a hierarquia bibe. sou eu. és tu. temos quartos de banho separados e dormimos juntos. 

terça-feira, 9 de junho de 2009

telefonia sem fio

uma rádio que gosto muito e uma série de ideias sobre as músicas que eu gosto. Havia mais canções mas estas foram as selecionadas.

http://tsf.sapo.pt/Programas/programa.aspx?content_id=918071&audio_id=1226215

segunda-feira, 8 de junho de 2009

não me vejo assim.


aqui soa o mesmo piano que sempre me arrepiou. aqui soam as notas. com o seu tempo. um dia gostava de fazer um disco assim. daqueles que se compram pela capa. um dia. um dia de hoje que passa a seguir ao de ontem que foi igual ao de hoje que foi igual ao outro que passou faz dias. os dias iguais. iguais. iguais. igual. eu igual. eu igual... anos assim. sem fazer aquilo que quero. sem conseguir realizar aquilo que quero. ou sem saber o que mais quero. hoje vi duas bandas em palco. ontem vi uma. não me vejo ali naquele palco que há uns anos toquei. não me vejo com amigos ao lado a sorrir uns para os outros. não nos vejo já ali. não nos vejo já ali de novo juntos. não nos vejo. não vos vejo ali a sorrir. não me vejo a sorrir para quem não gosta de sorrir. não me vejo. não me vejo na idade que queria ter. não me vejo nas bandas que oiço e que sonhava ser. não me vejo onde queria estar. não me vejo nem me sinto a sorrir. e as cordas que entram e o piano que me arrepia. e aquilo que eu não sou. e aquilo que eu não sei ser. e os sorrisos que nunca mais vão ser os mesmos. sou músico. vejo as coisas de maneira diferente... ou talvez não, apenas as olho duas vezes antes de desviar o olhar. não sou artista, vejo é as coisas de vários prismas, penso nelas, nos nomes, nas cores, nos meus nomes. naquilo que eu penso poder escrever sobre. há dez anos atrás estava a tocar na aula magna em lisboa pela primeira vez. tudo era diferente. não tinhamos nada mas erámos mais sorrisos. e lágrimas que caíam enquanto me abraçava ao meu pai. nunca me vou esquecer da força do momento exacto que tinhamos conseguido. aquele ano de 1999. dez anos. dez. dez anos. hoje aqui estou a pensar nos sorrisos que já não entendo não existir. hoje penso. de vários prismas. hoje já não sou aquilo que chorava há dez anos atrás. hoje já não vale a pena chorar. se morrer alguem sim choro se não hei-de regressar a casa com o amargo de boca caracteriístico de quem não se vê naquilo que queria ser.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Hoje o céu está cinza


Hoje está o céu cinzento. dentro de mim não há nada mesmo de importante que tenha que fazer. ninguém me obriga a sofrer por aquilo que sai de mim. ninguém me obriga a nada. Hoje o céu está cinzento. Li um livro inteiro porque era pequeno. fartei.me de sites e sitios. Está vento. descalço posso sentir melhor a brisa que circula pela casa. a televisão não tem importancia...mas deixo-a ligada pelo sim pelo não. nunca devemos desprezar a televisão.... ouvi a discografia dos radiohead e tudo ficou ainda mais cinzento. estranha a forma como o humano reage ao cinzento, vivendo mais cinzento. termino agora a ultima canção. é uma valsa. valsa comigo. um dia quando já tiver a música que tenho hoje em mim fora de mim queria escrever mais. e ler ainda mais. estar longe permite usar pouco o telefone. deixar apenas que viva. viva longe. valsas comigo. obrigado. pista de dança com muito fumo. é final de noite em alcobaça. alcobaça sempre tem finais de noite em que tudo é meio nublado. neblina matinal. e o sol que entra no final. valsa comigo. investments and deals. No livro que li numa hora havia um amor. ou um género de amor. terminou sem um final feliz, ou aquilo que julgamos e nos adaptámos a que fosse um final feliz. mas no fundo num dia como hoje onde o céu está cinzento nada pode acabar bem. Deste-me uma boa noticia. orgulho.me de ti. às vezes gostava de ter mais tempo. mais tempo para precisar mais de tempo. o piano está aqui ao lado. tenho 9 canções no meu livro e mil na minha cabeça. tenho preguiça de fazer mais antes de dar espaço a estas. Ainda há portugal. aqui em madrid ainda o leio. hoje o céu está cinza e não consigo sair à rua. não quero. valsa comigo.

paixão. pedro. luís. figo. portugal. longe. calor. tu.


ter paixão no nome é um privilégio. tu não o sabes mas é. escrever como tu também. tu não o sabes mas é. ter a tua sensibilidade é tambem um privilégio e tu sabes. devias dar-te mais importância, gostar mais de ti. ter paixão no nome é um privilégio. daqueles que não escolhemos. que nos surge sem querermos. sem quererem. sem querer. Ter paixão no nome é tão forte que até na hora da morte, aquela que dizes que será amanhã, terás a paixão por perto. a identificar-te. aqui descansa a paixão. a paixão como descreve o mundo em que tudo acontece. tudo acontece ao acaso. por acaso comprei o livro. compro livros pela capa. aquela tinha paixão escrita a azul e uma rua abandonada... possivelmente uma daquelas que existe dentro de si. de ti. uma rua abandonada. ou povoada pelas memórias que só quem tem paixão consegue descrever tão bem. ter paixão no nome é um privilégio, tu não o sabes, mas é. quando corrias pelo campo. eras tu e só tu. e o que me fazia gritar. não desistas nas horas mais crueis. não desistas. não desistas. tenho em ti tantas recordações. os campos cheios de gente. suor, calor, a voz que doi e corroi por dentro o cérebro frágil de tanto gritar. eras tu e o mundo parava. o meu mundo parava. o que tu me deste em campo é algo que nunca irei esquecer. a força, a desilusão, o ver os outros ganhar, o sentir que eras o melhor. luís figo. lembro-me da primeira vez que te li. era um domingo. era cedo. fui com a minha mãe mais cedo para os capuchos. ela nasceu lá. chegámos cedo a casa da Adelaide. a Adelaide tem uma casa grande, com uma sala em baixo que dá para comer e para jogar à bola com o miguel, o john, o joão. às vezes juntavam-se alguns mais velhos. hoje somos todos mais velhos. a casa da adelaide ainda existe e possivelmente hoje dá para comer mas não para jogar à bola. crescemos e só nos volumes das paredes é que conseguimos entender que crescemos mesmo. merda, crescemos mesmo. na sala grande estava um jornal. no meio de uma página verde li uma noticia de dois parágrafos. peixe e figo afinal ficam. eram juvenis e estavam a ser cobiçados pelo rival da luz. afinal ficaram. os nomes ficaram na minha cabeça. macau, fora de horas. o teu golo não foi um golo, foi uma explosão. sentir.me emigrante e perceber que o meu clube eras tu. era portugal. gosto tanto de portugal que era capaz de ir a uma guerra por ele. gosto tanto de portugal que me põe tanta pena ver-te aqui de longe. tão frágil. tão pequeno. ainda há portugal e eu quero mostrar. e o golo que marcaste. sem piedade. toma. e as asneiras que me saíam da boca sem controlo nenhum. filhos da puta dos ingleses. e foi assim três vezes. e dos holandeses. e foi assim vezes. filhos da puta dos franceses. foi sempre assim. e tu estavas lá ao meu lado. à minha frente. Paris. fintas tudo. atacas eles pela frente, como deve ser. turcos. que se fodam os turcos. ganhamos. paris. frança - corre figuinho. corre figuinho. este diminuitivo que quase sempre cheirava a derrota, ou a ultimo folego. vamos. eras tu quem nos podia salvar. eras só tu. alcobaça, frança e as lágrimas que não páram de correr. lisboa - coreia, que se foda o mundial. e depois a esperança de novo. és o exemplo. és o melhor. sabes que é um privilégio ter figo na camisola? alemanha e a certeza que beijarias a taça. no meio do jogo, da derrota que se avizinha prometi que ía sempre aos mundiais. até ao dia que possamos beijar a taça. eras tu quem a devia beijar. paixão no nome que tens. ter paixão no nome é um privilégio. e ter uma governanta que nos traz flores frescas e que nos escolhe a roupa, e ter um amor sempre perto. sabes que escrever paixão é um privilégio? sabes que ter paixão é um luxo? está tudo longe. está calor. tenho-te a ti. e a mim e os sonhos juntos. e as caídas. e as levantadas. e as linguas que misturo. e portugal que está longe. e o top que sempre é igual ao melhor. e o meu trabalho que chega às pessoas. e as canções que vou escrevendo aos poucos. e o sol. e o calor. e tu. e eu. e aquilo que eu queria que fosse. left right. para a frente nuno. para a frente.