Por
muito que queira ser diferente. Não consigo ser mais que isto. Por muito que
queira ser melhor não o consigo ser se o for sozinho. A vergonha de estar
assim. Tenho medo de estar sozinho. E estar sozinho, apesar de ser dos melhores
prazeres que conheço nunca é demasiado sozinho. o ego. Onde te ponho. Por muito
que queira ser diferente não consigo ser melhor. A razão e a merda da
fatalidade. A fatalidade da solidão que não quero que apareça nunca. Lá ao
fundo dormem. Eu dormi o dia todo. Literalmente. Acordei à uma. Comi às 3. Dormi
de novo às 4 e acordei às 7. Olhei o por do sol mais longe que alguma vez o vi.
Já era de noite mas ainda vi o sol ao fundo, como se me tivesse a dizer adeus. Adeus
vida solarenga. Depois não corri o que devia ter corrido e senti as veias a
carregar mau sangue. Sangue triste e por muito que quisesse ser diferente já os
órgãos todos carburavam más coisas. Ser mau porque não consegui ser melhor nos
dias de solidão. E aquilo perdura. Hoje em dia dura mias que nunca. Por muito
que queira ser diferente não consigo. Não
consigo. 23 dias. Gostava que fosse mais tempo. Estou triste e hoje é apenas
segunda feira. O sangue que por aqui corre continua mal lavado. Triste. Solitário.
Lá ao fundo dormem. E por aqui penso no que série eu daqui a 14 anos. Terei 50.
50. Estou tão fodido. Estou tão fodido. Estou tão fodido que não consigo sequer
pensar direito. Por muito que queira ser diferente ninguém me tira os dias que
aqui passo. Sou tão triste. Por muito que queira ser diferente. Madrid é a unica coisa que tenho e ao mesmo tempo é a coisa que menos me deixa ser eu.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
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