sexta-feira, 12 de março de 2010

as memórias são . . .

o método é quase sempre o mesmo. as canções certas no momento certo, ou para o momento certo. . . as memórias. os gostos....gosto de Skip para a roupa porque sempre me lembro desse logotipo na minha infância. gosto de leite Ucal porque me lembro do vizinho, porque assim sempre o chamámos, (mesmo na hora da morte demasiado rápida) - chamado Diamantino - a abrir-me uma garrafa para mim e para o meu irmão... e gosto dos Pixies porque me lembro dos ouvir em alto volume a caminho do treino. era tão novo. escrevo com os Cure porque eles estão sempre aqui, a abrir-me as portas, a abrir-me o meu passado e a clarificar o meu futuro. o que é não ter plano. o que é nuno? como é sentires isso pela primeria vez - sem plano.... como é ouvires as 11 canções que tens e que sempre sonhaste ter e saber a pouco? como é o nuno? quem são os teus cure? são a cassete que ouvi sem parar a caminho de Benidorm numa viagem infinita de autocarro por altura de uma Páscoa qualquer. e o teu walkman dava-te o mundo novo. de um lado o Disintegration, do outro o outro... aquele que tem nome largo e que tem a melhor melodia do mundo... sinking........ afundo-me aqui. com as memórias e gostos e desejos e sonhos. afundo-me aqui mesmo ao lado do leito onde descansa a sereia das sereias. sabes o que é o amor? é chamar-te sereia... e aqui soa de novo a voz impura daquele que me faz ser aquilo que sou. sou músico porque um dia ouvi os cure. não sou professor de educação fisica porque um dia ouvi os cure. é tão simples como isso. e quem sou? sou um mero espectador. vivo longe daquilo que sou eu. . . hoje olho-me e sei que já vivi tanto. sou tanto. serei mais ainda, mas já vivi tanto... e tu que dormes e que te quero contar tudo o que fui antes de ti. sabes o que fui antes de ti? um explorador do riso. queria-me rir. queria-me saber melhor. explorador daquilo que vivi. sem objectivos. eu e aquilo que pensava em fracções de segundos. sabes o que fui antes de ti? o eterno buscador da felicidade. sabes o que era antes dos cure? era eu. igual a hoje, mas mais novo......... os métodos mantem-se. hoje tenho as cassetes longe, tenho dinheiro para cumprir o sonho de comprar todos os discos dos cure, em vinil de preferència e sabes o que faço? espero que aqueles que comprei uma vez em lisboa e que ficaram no carro do pai do Diogo apareçam- esses sim tinham valor... ter 14 anos e ir a lisboa com o dinheiro poupado das sandes dos almoços que não comi só para poder chegar lá, aquela loja que se chamava Carbono e que era a Meca de quem ouvia os alternativos. esses sim são os meus discos. o carro chegou a Alcobaça, eu cansado esqueci-me dos discos. . . fiquei com o poster dos Joy Division. os discos ficaram para sempre. o carro foi vendido e eu vendi a hipotese de hoje poder dizer que aqueles foram os meus melhores discos. as memórias continuam. um dia continuo.

2 comentários:

Anónimo disse...

te echamos de menos, farero.

Anónimo disse...

pes tristes sem ninguem que ponha lavanda
amo.te
saudades desde madrid.