Foi hoje. Começo de
novo. Porquê não sei. Mas talvez porque comecei
ouvir música outra vez nos head-phones.
porque a música a entrar directamente em mim não deixa nada mais que vontade de
escrever, ou dançar... raras as vezes... como no lux, na pista de baixo com luzes
brandas e a música que o Rui punha sem que déssemos por isso. O resto não
interessa. Como sempre nunca interessa nada...
Foi Hoje de novo...
As teclas de tão
pouco escrever não se sentem da mesma forma, parece que são mais leves. Talvez
do uso que lhe dou no dia a dia. Maçã Q. Desisto. Maçã Q apago. Maçã Q arrumo.
Maçã Q - fecho. Maçã Q - fecho-me.
Papy olha...
É só isso que me
vem à cabeça.
Olho desde que não me veja...
Papy olha.
E os pés a bater
muito forte no sofá em sinal de contentamento. De excitação.
Papy olha, sou eu
quem mais amas. Olha-me
Olho desde que sintas que te amo muito e que sou feliz. e não sou. ninguem é sempre feliz. desculpa não to dizer. .
Papy olha...
Olho desde que não me veja
Hoje sonhei que
estávamos num avião e que ele caia. Ou não caia. Não sei se acordei antes de
cair se morri no sonho. Sei que chegou ao fim, desconhecendo a razão. o meu
irmão estava ao meu lado. Tal e qual como agora está, neste avião moderno com
possibilidade de carregares a bateria da tua vida paralela. Para nada
necessitamos de uma vida paralela... Volta ao sonho Papy
...Será uma
coincidência.
Escrevi uma ultima
mensagem. “Embarco. Amo-te...” o telefone desistiu. Quase como se de uma mentira
se tratasse. Apago antes de iludir. Não sei se amo, mas sei que amo. As teclas
do computador estão de facto mais leves. Eu não. Sinto-me perdido, pesado,
descompensado. Papy olha.
E eu olho minha
querida filha. O meu amor por ti é maior que o sonho que alguma vez tive. O meu
amor por ti é maior que aquilo que faço bem e mal na minha vida.
Hoje custa-me falar
de mim, porque tenho medo de mim. Tenho medo de não ser eu quando digo sim e não.
Tenho medo, mas talvez seja normal. A vida que eu escolho é sempre diferente
daquilo que deveria escolher. O lado transgressor. Talvez seja isso que sou eu.
Há sempre um caminho diferente e mais excitante a seguir. E se por momentos não
tivesse que esconder quem eu sou. Por momentos seria diferente de todos, logo
indiferente aos outros. Papy olha.
Eu olho.
O avião é moderno e
carrega a nossa vida paralela.
O telefone
carregou, tenho um mensagem para enviar. . .