terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Eu falo. Tu falas. Ganhamos os dois



Deito-a tarde. Corri sem parar para começar de novo a sentir-me eu. Acordei com ela ao longe a dizer que queria dar-me um beijo. Beijou-me. Vi-a dançar e a rir com a mãe do seu pai. Saimos um pouco sem plano conversado. Conversámos sobre os filmes que não viste. Falo-te dos filmes que ainda existem em mim. Ela dorme. De quatro em quatro horas acordo. Mão na testa. Tapo-te melhor. Suspiro de conforto. Tu suspiras. Eu deito-me. Maldita insónia. Maldito sono que só vem em más alturas. Penso para comigo nas datas. Penso para mim aquilo que era lógico fazer. Penso tanto que não durmo. Não quero nada. Só me quero a mim. Ela sou eu, o resto não é e nunca mais vai ser. Maldita insónia. Numeros vermelhos que de minuto em minuto mudam. Maldito tempo que não paras. Seco o cabelo. Tenho cabelos brancos. Olho-me demasiado. Maldita insónia. Quero uma televisão  branca para pendurar no meu quarto. Talvez assim durma. Adormeci mil vezes a ouvir o Disintegration. Não quero. Não quero. Não posso querer.
Hoje corri sem parar para começar de novo a sentir-me eu.

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