quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

o interior coração doce. . .


...fazes 27. ele faria 60. Hoje, só hoje me apercebi que já não estavas por ali. por aquele estúdio por aquela casa. por aquelas vidas. pelas nossas vidas. de todos. todos somos muitos. a voz que eu às vezes não entendia tinha olhos que explicavam tudo... e isso é o melhor. "o interior coração doce" como a Ana hoje dizia. Um grande homem. Uma grande mulher. uma luz que não se apaga nunca e que todos hoje não deixaram uma vez mais que deixasse de nos iluminar. quero todos os anos que seja assim. exijo que seja assim. simples, com piano dificil de carregar mas que soou gigante, com cerveja que acaba e champanhe que acompanha às lágrimas e com bolos doces e com salgados que invariavelmente duram menos que os doces. era um doce coração. era uma voz salgada e uma alma com sabor a mundo. um ouvido que sabia ouvir o mundo e opinar sobre o mundo sem ferir desnecessariamente o mundo menos bonito... e todo o mundo o devia escutar. hoje percebi que tinhas morrido. só hoje percebi e confesso que fiquei em pânico. minutos antes de sair do carro já me começava a surgir na cabeça uma ideia triste de ir celebrar os teus anos. afinal havias morrido há tão pouco.... mas eu ainda não me tinha dado conta que morrer é apenas não estar ali. porque saí do carro com a nítida sensação que estavas por ali. de calças de ganga e camisa arregaçada e com a Ana por perto. A Ana vestia de preto e aí percebi. falta ele. faltas tu. faltas tanto tu. porque as canções ficam, as vozes também, os salgados invariavelmente acabam primeiro, os doces guardam-se para o fim e o mundo aplaude a tua presença. não estás aqui mas que saibas que fico muito triste por tudo, porque não te posso explicar o novo disco que já tenho na cabeça, nem te posso tocar numa versão só tua uma música linda que escrevi para a minha avó. e porque não podemos já rir e ouvir música com ouvidos do tamanho do mundo. hoje percebi que tinhas morrido. hoje percebi que ainda vives. com amor

Sem comentários: