domingo, 3 de janeiro de 2010

e agora...


que te lembras dos dez anos que passaram....

Começou com uma noite no mosteiro. a pressa de chegar a casa antes que fosse muito tarde. comprei uma camisola numa loja em leiria. a rádio falava nos perigos dos computadores virarem o mundo a zeros e zeros e mais zeros.... no mosteiro estávamos todos. bom ano sónia, bom ano john, bom ano miguel. estávamos todos os outros, bom ano pedro, bom ano diogo, bom ano a todos... a noite foi igual a todas as outras. terminou cedo. o ritual de sempre. tinha tanto mundo na minha cabeça. tantas coisas que queria ter. tantas coisas que queria ver. num ápice... tudo se passou demasiado rápido. aquilo que vivi passou.se sem dar por nada. não dei por nada quando fiz músicas e discos e toquei cada vez para mais pessoas. não dei por nada quando fomos na aventura de ir para fora com o seguro de vida cá dentro. não dei por nada quando cheguei a londres pela primeira vez e trazia as saudades de não ter certezas de nada. não dei por nada quando chorei pelos amores que fui perdendo e pelos sorrisos dos amores que ía ganhando. não dei por nada. não me lembro já dos nomes do todas as pessoas que privei a minha intimidade. não me lembro da primeira vez que sorri por estar só de novo. não me lembro do que sofri por estar arrependido de ter feito as coisas mal. não me lembro do mar novo que conheci, das noites que dancei, das tardes que não tinha ainda dormido, nem das manhas que queria deixar de dormir. não me lembro dos golos que podiamos ter marcado. não me lembro de ter jogado. de ter ganho e perdido. não me lembro já como foi. como foi. como fiz. como falei. com quem falei. o que foram estes anos todos. o que foi isto de deixar passar o tempo sem me dar conta que ontem já lá está tão ao longe e mesmo assim ainda ontem, hoje o vivi. o tempo. lembro-me do tempo que passei a pensar. lembro-me do que podia ter feito. lembro-me de ter saltado pela janela uma vez. lembro-me de rir quando estive perto do perigo. lembro-me de ter tido medo. lembro.me de ter aberto o clinic. lembro-me de não hesitar em fechar o clinic. lembro-me do dia que te conheci. lembro-me do dia que te vi de novo e que não deixei mais de te querer ver mais. e saber que depois de ti não queria que existisse mais nada. depois de ti não quero mais nada. depos de ti nada mais quero. não me lembro de não querer mais. lembro-me de abrir a verniz. de deixar de acreditar em mim e depois rapidamente perceber que me arrependia de não acreditar ainda mais um pouco. lembro-me de chorar muito e rir pouco. não me lembro de rir com gosto. há quanto tempo não me rio com gosto. não me lembro. lembro.me dos desejos de ter mais e não lutar por mais nada. lembro-me do dia que vi o Lost In Translation. lembro-me do Moulin Rouge e de chorar. lembro-me de terminar a escola e saber que a minha vida começava ali. lembro-me de sair de casa uma série de vezes e querer ter uma casa só para mim. lembro-me da alegria que tenho sempre que jogo à bola. lembro-me acreditar que podiamos ser ouvidos pelo mundo. lembro-me de me respeitarem aqui dentro. lembro-me de deixar de ser pequeno logo deixar de ser respeitado. lembro-me de querer viver em londres. lembro-me de tudo. lembro-me de ouvir de novo o disco dos National e perceber que tinhas razão. lembro-me de chorar em barcelona com o concerto mais bonito que a bjork fez na vida. lembro-me de ter falado com ela em londres e não perceber como se podia ter tanta luz. lembro-me de acordar motivado. lembro-me de estar apaixonado umas quantas vezes e de repente querer fugir de tudo outra vez para que se possa repetir a sensação do inicio. lembro-me de tudo. hoje começo de novo. estou aqui. e agora que vais fazer para que te lembres de tudo?

1 comentário:

Anónimo disse...

nuno, tu és um verdadeiro génio. a maneira como me identifico com as coisas que escreves .. é fantástico, não tenho palavras.

e que saudades dos Gift!

raquel