quarta-feira, 6 de março de 2013

o vento que lá fora corre. corre como se não houvesse nada pela frente. nem casas, nem janelas, nem estradas, nem mar, nem ondas. o vento que bate no vão da parede da sala e que assobia. uma melodia de força, de exemplo cruel de força, de força arrebatadora. e os passaros que se deixam levar pelo vento forte, como se morressem devagar acordando depois subitamente, numa prova de força maior. uma força maior que o vento.
aqui toca o piano do bill fay. em repeat. aos poucos a luz da sala vai ficando mais ténue. o monitor do computador cada vez mais forte. não olho para o telefone se ele não toca. não olho para o telefone se ele não toca. não olho para o telefone se ele não toca. repito-me. sou um homem de processos. sou um homem de impulsos. sou um homem que não pode reagir aos impulsos. sou um homem que tem de uma vez por todas que ter processos. hoje escrevo. escrever acalma-me a alma. mais do que tocar piano. porque quando toco piano a minha cabeça vai para outro lado. vai por outros lados. a escrever não. a escrever a minha cabeça vai por dentro de mim. o que penso e o que quero dactilografar. a minha cabeça não se desprende de mim. na musica sim. começo logo a ver a voz, e as notas que serão depois destas que toco. . . . . não olho para o telefone se ele não toca. sou um homem de rotinas. as boas e as más. sou um homem fortemente fiel ao sentimento. lá fora o vento corre. eu corro dentro de mim como se nada houvesse mais. nem fronteiras, nem dois paises diferentes. sigo a minha cabeça e ela não busca notas novas. só palavras que consigam descrever que hoje, hoje aqui na minha sala já é quase noite. . . .

2 comentários:

Anónimo disse...

Perfeito e único, adoro tudo o que escreves

Anónimo disse...

unico e imperfecto.
y menos mal.